It takes a village to raise a child, dizem
Mas há falta de uma aldeia para nos ajudar esperamos, pelo menos, ter o pai da criança ou alguém suficientemente próximo que partilhe dos mesmos valores na hora de criar o pequeno ser-humano que aí vem.
Essa pessoa vai poder partilhar tudo, exceto a amamentação que, já se sabe, é uma tarefa exclusiva da ala materna.
E é precisamente aí, naquela que é a função de alimentar um bebé, qual emprego a tempo inteiro, que surgem as maiores dúvidas e os maiores abalos de auto-estima na vida de uma mulher acabada de dar à luz e, por isto, no auge do seu desequilíbrio hormonal.
É aqui que fazemos as ridículas contas de cabeça que muitas vezes dão um resultado negativo às mães que subtraem a amamentação. Venham pais! É aqui que precisamos da vossa ajuda para ajudar a rever a matemática. Vocês não amamentam mas ajudam a dar de mamar.
Eu fui mãe há 17 meses e enquanto estive grávida deduzi que a amamentação ia acontecer como o processo natural que era.
Na verdade, não correu mal e eu gostava de assumir que a norma é essa, mesmo sabendo que são vários os problemas que podem surgir e conhecendo de muito perto quem os tenha vivido.
A amamentação é uma coisa maravilhosa quando corre bem mas pode ser dolorosa a vários níveis quando corre mal.
E mesmo quando a amamentação corre bem, tudo o resto continua a doer. Venham pais! Porque nesta parte das dores há palavras que são analgésicos poderosos.
A meu ver, na amamentação há apenas uma conta de somar que precisamos de fazer: juntar as escolhas da mãe ao apoio de quem está à sua volta – na maioria dos casos o pai – para que essas escolhas possam ser bem sucedidas.
E estas duas premissas são mais importantes do que a rigidez das regras e das rotinas que só uma sociedade altamente planeada como a nossa exige. Os bebés não sabem que estão a nascer numa sociedade cheia de horários e planeamentos.
Seria boa ideia deixarmos de inserir os nossos bebés num ciclo de agenda quando a única coisa que eles estão aptos a ver é a auréola da nossa maminha. Eles têm tempo de ser gestores de sucesso, prometo.
Pais, cheguem-se também à frente na altura das perguntas cheias de boas intenções que podem por em causa uma amamentação eficaz e tranquila: “O teu leite não será fraco?” “Há quanto tempo ele não mama?”, “Tens a certeza que ele não tem fome?”
Vou contar um segredo a quem nunca foi mãe. A resposta é sempre Não, não temos a certeza.
Na verdade, não temos a certeza de nada porque, claramente, o instinto de mãe apura com o tempo mas não nasce no parto.
Nós não fazemos ideia de nada e o pai pode sempre responder por nós com um “Está tudo bem, obrigada, nas se preocupe”, ou então aproveitar para gritar por ajuda para não ser sempre a mãe a dar a cara e o corpo – e os nervos ! – a este manifesto.
Oxalá chegássemos rápida e facilmente ao resultado de toda esta equação mas insistimos em não ouvir a Mãe Natureza, coitada, que nos deu os recursos todos e nós andamos por aí a desperdiçá-los com padrões de normalidade que só servem para apoquentar mães com o fantasma do insucesso maternal.
É muito difícil acertar naquilo que se diz a uma mãe que escolhe ou não amamentar daí que o mais importante seja estarmos todas informadas. Dos factos e do que a Natureza conjugada com a Ciência nos provam.
É importante capacitar a mulher que escolhe amamentar e por isto é tão importante que todos queiram e possam ajudar essa mãe.
Se todos estudarmos bem a matéria, as perguntas deixam de ser difíceis e o que é natural passa a ser a norma.
POR: FILIPA GALRÃO Locutora Rádio na Mega Hits