A pandemia de covid-19 exacerbou os desafios relacionados com o género devido ao facto de as suas consequências para a saúde mental afetarem desproporcionalmente as mulheres, tanto no trabalho como em casa, segundo os resultados do “Índice de Saúde Mental Headway 2023”.
O relatório também foca o impacto dos distúrbios de saúde mental nas crianças, revelando uma possível associação entre doenças psicológicas e o abandono escolar, sendo que 1 em cada 3 adolescentes que desistem da escola também experienciam uma perturbação mental.
O índice é um quadro multidimensional realizado em países da União Europeia e no Reino Unido no âmbito do Headway 2023, uma iniciativa de Saúde Mental concebida e lançada pela The European House – Ambrosetti, um think tank, em parceria com a Angelini Pharma.
De acordo com estimativas recentes, 83% das mulheres relatam que a pandemia afetou negativamente a sua saúde mental, em comparação com 36% dos homens.
Mulheres grávidas, mulheres no período pós-parto ou vítimas de traumas, como aborto espontâneo ou abuso de parceiros íntimos, foram consideradas as mais suscetíveis aos impactos psicológicos da pandemia.
O peso das tarefas domésticas e dos cuidados com os filhos também teve um impacto significativo no bem-estar mental das mulheres, com 44% das mulheres com filhos menores de 12 anos a relatar terem tido dificuldades nas responsabilidades domésticas, em comparação com apenas 20% dos homens.
O relatório também revela que a doença mental, especialmente a do tipo leve a moderado, afeta até 20% da população em idade ativa em algum momento das suas vidas, enquanto 70% da população empregada relata problemas de saúde mental nas formas leve a moderada.
A doença mental também pode ter um impacto significativo na capacidade de trabalho das pessoas, limitando a sua capacidade de participação no mercado de trabalho.
As taxas de emprego em pessoas com transtornos mentais graves foram de 45-55%, sendo que aqueles que fazem parta da força de trabalho receberam um salário 58% inferior à média.