Muitas pessoas que se recuperam da covid-19 apresentam sintomas de longo prazo, como problemas cardíacos.
Evidências crescentes sugerem que o vírus também pode prejudicar a fertilidade.
Agora, investigadores analisaram os níveis de proteína no sémen de homens que se recuperaram do vírus.
O estudo piloto sugere que mesmo doenças leves ou moderadas podem alterar os níveis de proteínas relacionadas à função reprodutiva masculina, dizem os pesquisadores.
Embora o SARS-CoV-2 afete principalmente o sistema respiratório, o vírus – e a resposta do corpo a ele – também danifica outros tecidos.
Evidências recentes indicam que a infeção por covid-19 pode reduzir a fertilidade masculina, e o vírus foi detetado em órgãos reprodutores masculinos. Firuza Parikh e Rajesh Parikh, do Jaslok Hospital, Sanjeeva Srivastava, do Indian Institute of Technology, e colegas perguntaram-se se a infeção por covid-19 poderia ter impactos de longo prazo no sistema reprodutor masculino.
Para responder a isso, decidiram comparar os níveis de proteínas no sémen de homens saudáveis e aqueles que já tiveram casos leves ou moderados de covid-19.
Os cientistas analisaram amostras de sémen de 10 homens saudáveis e 17 homens que se recuperaram recentemente da covid-19. Nenhum dos homens, com idade entre 20 e 45 anos, tinha história prévia de infertilidade.
A equipa descobriu que os homens recuperados reduziram significativamente a contagem de espermatozóides do que os homens que não tiveram a doença.
Quando os pesquisadores analisaram as proteínas do sémen, encontraram 27 proteínas em níveis mais altos e 21 proteínas em níveis mais baixos em homens recuperados de covid-19 em comparação com o grupo de controlo. Muitas das proteínas estavam envolvidas na função reprodutiva.
Duas das proteínas relacionadas à fertilidade, semenogelina 1 e prosaposina, estavam presentes em menos da metade dos seus níveis no sémen do grupo recuperado de covid-19 do que no sémen dos controlos.
Estas conclusões sugerem que o SARS-CoV-2 tem efeitos diretos ou indiretos na saúde reprodutiva masculina que permanecem após a recuperação, dizem os pesquisadores. Porém, alertam para a necessidade de se efetuarem estudos mais aprofundados para confirmar esta tese.