A esperança média de vida é mais baixa nos homens do que nas mulheres e a ciência descobriu uma possível razão para isso.
Muitos homens morrem mais cedo porque perdem cromossomas Y das suas células sanguíneas à medida que envelhecem, tonando-se mais vulneráveis a cicatrizes no tecido cardíaco e a insuficiência cardíaca.
A pesquisa, cujos resultados foram publicados em 15 de Julho na revista Science, é a mais recente a analisar o fenómeno da “perda em mosaico” do cromossoma Y – onde este desaparece de uma porção das células sanguíneas de um homem.
Os cientistas não conhecem a razão disso acontecer, mas conseguiram associá-lo ao envelhecimento: é detetável em cerca de 40% dos homens de 70 anos e mais da metade daqueles que vivem até aos 90 anos.
Até agora, a ciência pensava que perder o pequeno cromossoma Y era apenas normal com o avançar da idade, mas, nos últimos anos, estudos associaram a perda de Y ao aumento dos riscos de doenças, como as cardíacas, Alzheimer e certos tipos de cancro, bem como a uma vida útil mais curta.
Segundo o coautor do estudo, Kenneth Walsh, a questão é: a perda de Y é simplesmente um marcador de envelhecimento, como cabelos grisalhos?
As descobertas sugerem que a resposta é não: em laboratório, a perda de Y nas células do sangue tornou o tecido cardíaco propenso a cicatrizes e levou a uma morte mais precoce.
É uma evidência de que a perda de cromossomas é um ator direto, não apenas um espectador, de acordo com Walsh, que dirige o Centro de Biologia Hematovascular da Faculdade de Medicina da Universidade da Virgínia.
A maioria das pessoas conhece o Y como um cromossoma sexual: as mulheres têm dois cromossomos X, enquanto os homens têm um X e um Y.
Os cientistas costumavam pensar que o cromossoma Y fazia pouco mais do que determinar as características sexuais masculinas.
Mas estudos feitos nos últimos anos descobriram que o cromossoma Y contém mais genes do que se pensava anteriormente, cujos trabalhos não são totalmente conhecidos.
Para chegarem a estas conclusões, os investigadores utilizaram a tecnologia de edição de genes CRISP para o desenvolvimento de um modelo de rato-doméstico sem o cromossoma Y em algumas células da medula.
Descobriram que estes roedores tinham mais propensão a doenças de coração e doenças relacionadas com a idade, levando a uma morte precoce.
A investigação incluiu também a análise dos efeitos da perda do cromossoma Y nos humanos, ao realizarem três análises de dados genéticos compilados do UK Biobank.
A descoberta revelou que à medida que a perda de cromossomas aumentava, o risco de morte e do aparecimento de doenças cardiovasculares e insuficiência cardíaca também aumentava.